O churrasco do brasileiro está mais caro. A inflação acumulada das carnes nos últimos 12 meses atingiu 15,43% até novembro deste ano, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados nesta terça-feira (10) pelo IBGE. Esse aumento representa a maior alta anual desde outubro de 2021, quando a taxa foi de 19,71%.
A alta recente reflete um aumento expressivo em relação ao acumulado de 12 meses registrado até outubro, que foi de 8,33%. Somente em novembro, o preço das carnes subiu 8,02%, marcando a maior variação mensal desde dezembro de 2019 (18,06%).
De acordo com André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE, o aumento está relacionado à redução da oferta de animais para abate e ao maior volume de exportações, que diminuíram a disponibilidade do produto no mercado interno.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), reforça que o crescimento do consumo, típico do final de ano, também pressiona os preços. Ele destaca que, em 2024, a redução do desemprego contribuiu para aquecer o mercado, impulsionando a demanda.
"É provável que a carne suba ainda mais em dezembro, devido à demanda sazonal de fim de ano", avaliou Braz.
A inflação das carnes pressionou o grupo alimentação e bebidas, que registrou alta de 1,55% em novembro. Cortes populares, como alcatra (9,31%), chã de dentro (8,57%), contrafilé (7,83%) e costela (7,83%), foram os que mais contribuíram para o aumento, segundo o IBGE.
A consultoria Datagro apontou que o avanço das cotações do boi gordo, próximas de máximas históricas nominais, tem impulsionado os preços da carne bovina tanto no atacado quanto no varejo.
Embora o consumo tenha permanecido aquecido, há sinais de que os consumidores podem começar a substituir a proteína bovina por opções mais acessíveis. "Estamos nos aproximando de um limite do quanto o consumidor está disposto a comprometer de sua renda para o consumo de carne bovina", analisou a consultoria.
Ainda assim, o aumento da renda média e o aquecimento do mercado de trabalho indicam que, para parte dos consumidores, o churrasco de final de ano segue garantido, ainda que mais caro.