O deputado federal Adalberto Barreto, conhecido como Dal Barreto (União Brasil-BA), está no centro de uma investigação da Polícia Federal que apura um suposto esquema de corrupção, desvio de recursos públicos e favorecimento político. O caso faz parte da Operação Overclean, que mira a utilização de empresas de fachada e contratos públicos para obtenção de propinas e enriquecimento ilícito.
De acordo com informações obtidas pelo UOL, Dal Barreto é acusado de se beneficiar de contratos com prefeituras da Bahia que abastecem veículos em postos da Rede Dal, rede de combustíveis da qual ele é proprietário. O parlamentar teria, inclusive, utilizado verbas da Câmara dos Deputados para abastecer em postos de um de seus próprios sócios, o que configura potencial conflito de interesses.
Desde o início de 2023, o deputado já apresentou 326 notas fiscais referentes a abastecimentos realizados no Auto Posto Rotondano, localizado em Amargosa, sua cidade natal. Somadas, as despesas chegam a R$ 114 mil, pagos com recursos da cota parlamentar - verba pública destinada a custear atividades do mandato.
O Auto Posto Rotondano tem como proprietário Ivis de Souza Rotondano, sócio de Dal Barreto em 15 outros empreendimentos. As investigações da PF apontam que esse tipo de operação poderia estar sendo usado para movimentar recursos públicos de forma irregular. Procurado pela imprensa, Rotondano não respondeu às tentativas de contato.
Além disso, os registros mostram abastecimentos de até R$ 1,6 mil em diesel de uma só vez, valor considerado fora da normalidade. O parlamentar, que utiliza um veículo alugado por R$ 12 mil mensais com verba da Câmara, tem gasto em média R$ 3,6 mil por mês em combustíveis comprados exclusivamente em sua cidade.
A legislação da Câmara dos Deputados proíbe o uso da cota parlamentar em empresas pertencentes ao deputado ou a parentes de até terceiro grau, mas não há restrição direta quanto a negócios com sócios - brecha que estaria sendo explorada por Dal.
A Polícia Federal também apura indícios de que o parlamentar teria atuado junto ao lobista Evandro Balbino do Nascimento, ligado a empresas de pavimentação, para intermediar contratos com prefeituras em troca de propina e apoio eleitoral. Segundo o inquérito, o grupo oferecia apoio político nas eleições municipais de 2024 em troca de futuras contratações públicas.
Prefeitos aliados, segundo a PF, recebiam um “cardápio de empresas” indicadas por Dal e Evandro para execução de obras e serviços. Parte dos valores pagos pelos contratos retornaria aos gestores e intermediários em forma de propina.
O patrimônio de Dal Barreto também está sob análise. Oficialmente, ele possui 100 postos de combustíveis registrados em seu nome, mas a Rede Dal pode ultrapassar 500 estabelecimentos quando somados os negócios em nome de familiares e laranjas, conforme apontam as investigações.
A defesa do deputado ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso. Já a Polícia Federal segue analisando documentos, notas fiscais e movimentações financeiras para rastrear a origem dos recursos e identificar o destino das verbas públicas possivelmente desviadas.
Redação: Rádio Vida, com informações do Blog do Valente
Demais laranjas de luxo: Ivis de Souza Rotodano, Angelo Marcos Andrade Ferrari e Liliane Rosa Oliveira Ferrari
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