A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) deve anunciar, nesta quarta-feira (15), em Brasília, um amplo plano de reestruturação institucional e financeira, em resposta à grave crise que afeta a estatal. O pacote de medidas será apresentado pelo novo presidente da companhia, Emmanoel Schmidt Rondon, durante coletiva marcada para o meio-dia, e representa a primeira grande iniciativa de sua gestão, iniciada em setembro.

O plano chega em um momento crítico: os Correios acumulam sucessivos prejuízos bilionários e enfrentam um cenário de queda na demanda por serviços tradicionais, como o envio de correspondências e encomendas, em meio ao avanço de concorrentes privados no setor logístico. Somente no segundo trimestre de 2025, a estatal registrou prejuízo líquido de R$ 2,64 bilhões, após já ter encerrado o primeiro trimestre com perdas de R$ 1,72 bilhão. Em 2024, o balanço anual havia apontado déficit de R$ 2,6 bilhões, consolidando o terceiro ano consecutivo de resultados negativos.

De acordo com fontes ligadas ao Ministério das Comunicações, o novo plano será dividido em etapas de curto, médio e longo prazo, e envolverá revisão de contratos, otimização de gastos, digitalização de processos e modernização da infraestrutura logística. A estratégia também prevê investimentos em tecnologia e e-commerce, buscando reposicionar os Correios como um operador logístico competitivo no mercado digital.

Entre as medidas que devem ser anunciadas estão a redução de despesas administrativas, readequação de agências com baixo desempenho, parcerias com a iniciativa privada para ampliar a presença no comércio eletrônico e novos modelos de entrega expressa. Há ainda a possibilidade de revisão do quadro funcional e reestruturação de cargos, ponto que deve gerar resistência de entidades sindicais.

A mudança na presidência da estatal foi decidida em setembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que substituiu Fabiano Silva dos Santos por Emmanoel Schmidt Rondon, engenheiro com experiência no setor de logística e infraestrutura. Rondon recebeu a missão de estancar o déficit financeiro, fortalecer a governança e apresentar um plano capaz de garantir a autossustentabilidade da empresa até 2027.

Segundo fontes do governo, a nova direção também pretende fortalecer a atuação dos Correios em áreas estratégicas, como logística reversa, entregas verdes e transporte de medicamentos e vacinas, além de retomar contratos com órgãos públicos e programas sociais, tradicionalmente uma das principais fontes de receita da estatal.

O Ministério das Comunicações acompanha de perto a elaboração do plano e deve anunciar um comitê de acompanhamento para monitorar a execução das medidas. A expectativa é de que o pacote completo seja implementado de forma gradual ao longo de 2025.

Enquanto o governo aposta em reestruturação e inovação, especialistas alertam que a estatal precisará equilibrar corte de custos e modernização tecnológica sem comprometer o papel social e o alcance nacional dos serviços prestados.

Redação: Rádio Vida | Com informações da Agência Brasil