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Crise no setor sucroalcooleiro: Usina Jatiboca decreta falência e encerra atividades após mais de um século em operação

Publicada em 23/10/2025 às 11:13h -


Crise no setor sucroalcooleiro: Usina Jatiboca decreta falência e encerra atividades após mais de um século em operação



A tradicional Usina Jatiboca, localizada em Urucânia, na Zona da Mata mineira, anunciou o encerramento definitivo de suas atividades e a demissão de mais de mil trabalhadores diretos, além de cerca de cinco mil empregos indiretos. A decisão, formalizada na terça-feira (22), marca o fim de um ciclo centenário de produção de açúcar e álcool que moldou a economia e a identidade da região.

De acordo com informações do jornal Diário do Comércio, a empresa havia comunicado previamente aos funcionários sobre a paralisação das operações. Inicialmente prevista para 31 de outubro, a interrupção foi adiada para 10 de novembro, com o objetivo de viabilizar negociações trabalhistas. No entanto, o anúncio de que as rescisões seriam pagas de forma parcelada provocou indignação e protestos entre os colaboradores.

Atualmente, a Jatiboca emprega cerca de 1.100 trabalhadores na entressafra, número que chega a quase 2.000 durante a safra da cana-de-açúcar. A empresa possui capacidade de produção de aproximadamente 1 milhão de sacas de açúcar e 32 milhões de litros de álcool por safra. Além disso, cerca de 20% da matéria-prima processada provém de aproximadamente 400 fornecedores rurais da região, que também atuam em outras culturas agrícolas e na pecuária.

Mais da metade dos empregados atua no campo, enquanto o restante se divide entre o setor industrial e administrativo. Indiretamente, a usina é responsável por movimentar milhões de reais mensais na economia regional, sustentando famílias, arrendatários e pequenos produtores.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Urucânia (STRU), José Luiz da Anunciação, lamentou profundamente a notícia. “Muitos dos trabalhadores dedicaram a vida inteira à Jatiboca. Alguns estavam próximos da aposentadoria e agora terão de adiar seus planos”, afirmou.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Ponte Nova e Outros Municípios (SITIAPM), Júlio César Rodrigues da Silva, o fechamento trará um cenário desafiador para o mercado de trabalho. “Há oportunidades na região, mas não suficientes para absorver toda essa mão de obra. Isso deve pressionar salários e aumentar a informalidade”, alertou.

A direção da empresa atribuiu a falência a uma combinação de fatores, entre eles a escassez de matéria-prima, a falta de mão de obra e o aumento dos custos operacionais. Segundo representantes sindicais, a companhia informou que manter a produção significaria correr o risco de uma safra deficitária, sem garantia de caixa para honrar os compromissos.

Havia expectativa de que a Jatiboca fosse adquirida por novos investidores, mas as negociações não avançaram. “Ainda há interessados na compra, mas parte dos acionistas resiste em vender. Um novo encontro deve ocorrer nos próximos dias, embora as chances de reversão sejam pequenas”, declarou Anunciação, do STRU.

Fundada em 1920 por Custódio Martins da Silva, em parceria com Carlos Fonseca Brandão e Acácio Martins da Costa, a Usina Jatiboca foi uma das pioneiras do setor sucroalcooleiro em Minas Gerais. A primeira produção de açúcar foi registrada em 1925, e o início da fabricação de álcool ocorreu em 1981. Durante mais de um século, a empresa foi responsável por impulsionar o desenvolvimento econômico e social de Urucânia e municípios vizinhos.

Com o anúncio da falência, a comoção tomou conta da cidade. Ex-funcionários e moradores expressaram nas redes sociais a tristeza pela perda de um símbolo local. “É muito triste ver o fim de um lugar onde tantos trabalharam por décadas. A Jatiboca faz parte da história de nossas famílias”, desabafou um morador.

Na Câmara Municipal, o vereador Paulo Mateus voltou a cobrar apoio das autoridades estaduais e federais para tentar minimizar os impactos da crise. “Urucânia está vivendo um dos momentos mais difíceis de sua história recente. Precisamos de medidas urgentes para amparar essas famílias e buscar alternativas econômicas para a região”, afirmou.

Com o encerramento da Jatiboca, Minas Gerais perde uma das suas mais tradicionais usinas, e a Zona da Mata enfrenta um desafio inédito: reinventar sua economia após o colapso de uma empresa que, por mais de 100 anos, foi o coração pulsante da cidade.

Redação: Rádio Vida, com informações da Revista RPAnews




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