Em entrevista após o triunfo do Bahia por 3 a 1 sobre o Náutico, neste sábado (7), na Arena Fonte Nova, que garantiu ao Tricolor a melhor campanha geral da primeira fase da Copa do Nordeste, o técnico Rogério Ceni foi à coletiva de imprensa e falou com clareza e firmeza sobre temas importantes que envolvem o presente e o futuro do clube.

Além de analisar a atuação de um time recheado de jovens, Ceni abordou questões como as críticas direcionadas ao atacante Lucho, os desafios da próxima janela de transferências e o papel da divisão de base na construção de um Bahia mais sustentável.

Um dos temas mais sensíveis da coletiva foi a situação do atacante Lucho, que vive um momento de baixa e relatou ter sido hostilizado nas ruas de Salvador. Ceni não se esquivou da responsabilidade e comentou o impacto da pressão externa nos atletas.

“Um dia ele me falou: ‘Pela primeira vez me xingaram na rua’. Eu disse: ‘Fica tranquilo, isso é normal. Vai acontecer. O torcedor está indignado, você é uma figura pública e, infelizmente, isso pode acontecer’. A pressão é natural para todos”, disse o treinador.

Apesar das críticas, Ceni reafirmou sua confiança no jogador e indicou que estuda reposicioná-lo em campo para recuperar seu melhor rendimento.

“Vamos trabalhar essa questão do lado de campo que ele mencionou. Quando ele puder ajudar a gente assim, ou até mesmo como camisa 9 onde começou o encantamento da torcida com ele  será importante. O essencial é não baixar a cabeça, seguir se dedicando e ampliar as nossas opções”, pontuou.

Questionado sobre o planejamento para a próxima janela de transferências, Rogério Ceni foi direto ao afirmar que o Bahia opera dentro de um limite financeiro bem definido. O treinador alertou sobre os riscos de contratações apressadas e pouco estratégicas.

“Gostaríamos de ter dinheiro infinito, como muitas vezes é dito. Mas não temos — ao menos não disponível para a gente. Sabemos que temos carências, sim, mas não adianta trazer qualquer jogador. Nesse caso, é melhor apostar na base, que além de suprir carências pode gerar retorno financeiro no futuro”, afirmou.

Ceni destacou que o trabalho é feito em conjunto com o diretor de futebol, Cadu Santoro, e reforçou que respeitar o orçamento é uma diretriz que garante a saúde do clube a médio e longo prazo.

“Se você estoura o orçamento, atrasa salário de jogador. Aí se perde tudo. Muitos falam: ‘Ah, não quero estrutura, quero título’. Mas quem quer constância precisa de estrutura. Mesmo com estrutura de primeiro mundo, não se garante que vai ganhar naquele ano. Futebol não é ciência exata.”

Com um time alternativo, o Bahia foi a campo contra o Náutico priorizando a observação de jovens do elenco. E quem aproveitou a oportunidade foi o atacante Tiago, que marcou dois gols e deixou a sua marca na Arena Fonte Nova.

Ceni explicou que o jogador vem sendo trabalhado em uma função diferente da que estava habituado nas categorias de base, e elogiou seu desenvolvimento e postura.

“Ele vem treinando nessa função há três ou quatro meses comigo. Não é exatamente a posição de origem dele, mas tem evoluído bem. É um garoto muito voluntarioso, forte fisicamente, ajuda na marcação, pressiona. A qualidade técnica está crescendo, e ele demonstra muita dedicação”, elogiou o comandante.

Com a liderança geral da Copa do Nordeste garantida, o Bahia enfrentará o Fortaleza nas quartas de final, em jogo único na Arena Fonte Nova. Apesar da vantagem de decidir em casa, Ceni pregou respeito ao adversário e concentração total.

Além do duelo regional, o Tricolor também volta suas atenções para o Campeonato Brasileiro. Na próxima quinta-feira (12), a equipe encara o Red Bull Bragantino, às 19h, em Bragança Paulista, pela 12ª rodada. Será o último compromisso antes da paralisação para a disputa da Copa do Mundo de Clubes da FIFA, em junho.