O empresário norte-americano John Textor, dono de 90% da SAF do Botafogo, oficializou neste domingo (22) a venda de sua participação no Crystal Palace, tradicional clube da Premier League. De acordo com o jornal francês L'Équipe, Textor assinou a negociação de 45% das ações do clube inglês por cerca de 200 milhões de euros - valor equivalente a quase R$ 1,3 bilhão na cotação atual.
O comprador é o bilionário Woody Johnson, de 78 anos, proprietário do New York Jets, franquia da NFL (liga de futebol americano dos EUA). A operação foi realizada por meio da Eagle Football Holdings, grupo multinacional do qual Textor é fundador e sócio majoritário, com participações também em clubes como Lyon (França), RWD Molenbeek (Bélgica) e Botafogo (Brasil).
A conclusão da venda, no entanto, ainda aguarda aprovação da Premier League e da FA Women's Super League - liga feminina da Inglaterra - para ser formalizada integralmente.
A venda foi acelerada por exigência da Uefa: A saída de Textor do Crystal Palace já era esperada há algumas semanas e ganhou caráter de urgência por conta de regras da Uefa sobre propriedade multiclubes. O Crystal Palace garantiu vaga na próxima Europa League ao vencer a Copa da Inglaterra, mas corria sério risco de ser impedido de disputar o torneio.
O problema surgiu porque John Textor também é controlador do Olympique Lyonnais, que, por sua vez, também se classificou para a Europa League via Ligue 1. As normas da Uefa proíbem que clubes com o mesmo dono ou controlador disputem a mesma competição europeia, a fim de preservar a integridade esportiva.
O impasse se agravou com o envolvimento de David Blitzer, outro acionista do Crystal Palace, que é também dono do Brøndby IF, classificado para a Conference League. Dessa forma, a Uefa vetou inclusive o rebaixamento do Crystal Palace para esta competição como alternativa.
No início de junho, Textor chegou a propor uma reestruturação provisória de governança, repassando suas ações do clube inglês a outros gestores. Porém, a Uefa rejeitou a proposta por atraso no registro da mudança, o que forçou a venda definitiva como única solução viável.
O Clube agora está liberado para jogar torneio europeu: Com o acordo fechado neste domingo, e a desvinculação oficial de Textor, o Crystal Palace deve ser liberado a tempo para disputar a edição 2025/26 da Europa League, encerrando a incerteza que pairava sobre a participação do clube.
A venda também marca um movimento estratégico de John Textor, que segue focado em seus outros empreendimentos no futebol - especialmente o Botafogo, que tenta se consolidar como protagonista no futebol brasileiro, e o Lyon, com planos de retorno ao protagonismo europeu.
O futuro de Textor e o impacto no mercado: Com a transação bilionária reforça o papel de John Textor como uma das figuras mais influentes no atual modelo de multi-club ownership, no qual grupos controlam diversas equipes em diferentes países e ligas. Com a venda do Crystal Palace, o executivo pode direcionar mais recursos e atenção aos seus outros ativos, além de contornar os limites regulatórios impostos pelas entidades que organizam o futebol europeu.
Ao mesmo tempo, a entrada de Woody Johnson no cenário do futebol europeu representa mais um capítulo da crescente influência de magnatas do esporte americano em clubes da Europa, aprofundando o intercâmbio entre as duas culturas esportivas e seus modelos de gestão.
Para o torcedor do Crystal Palace, a venda representa uma nova fase fora das amarras do conflito de interesses que ameaçava comprometer a participação europeia. E para John Textor, é o fim de um ciclo na Inglaterra - e talvez o início de uma reestruturação mais agressiva nos bastidores do futebol global.