Uma jaguatirica Leopardus pardalis foi encontrada morta na manhã da última terça-feira (24), às margens da rodovia BA-540, que liga os municípios de Mutuípe e Amargosa, no Vale do Jiquiriçá. O animal estava caído próximo a uma plantação de cacau, nas proximidades da entrada da localidade rural conhecida como Alto da Lagoinha, já em território Mutuipense.
Segundo relatos de uma moradora, que passava pelo trecho no início da manhã após retornar de um evento junino, o corpo do animal estava visível à beira da estrada. “Encontrei quando retornava da festa na manhã de ontem”, disse a testemunha. A causa da morte ainda não foi oficialmente confirmada, mas os indícios apontam para atropelamento, uma das principais ameaças a animais silvestres que vivem próximos a rodovias.
A jaguatirica é um felino silvestre de médio porte e hábitos noturnos, típico das matas brasileiras. Reconhecida por sua pelagem marcante com manchas negras sobre fundo amarelado ou alaranjado, é uma espécie solitária que habita áreas de vegetação densa, como florestas, matas ciliares e fragmentos preservados.
O animal pode medir de 72 cm a 1 metro de comprimento, e pesar entre 7 e 15,5 quilos, sendo facilmente confundido com o gato -maracajá - outro felino nativo do Brasil, porém de menor porte.
A jaguatirica possui ampla distribuição, podendo ser encontrada desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina. No Brasil, a subespécie Leopardus pardalis mitis, presente fora da região amazônica, já figurou em diversas listas estaduais como vulnerável ou em perigo de extinção, a depender da região.
Na Bahia e em estados como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Ceará e Rio Grande do Sul, a conservação da espécie ainda inspira cuidados. Em Minas Gerais, por exemplo, é classificada como criticamente em perigo.
Apesar de não estar oficialmente listada como ameaçada de extinção em nível nacional, segundo a última atualização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em 2014, especialistas alertam para riscos crescentes, especialmente por conta da fragmentação do habitat, caça ilegal e atropelamentos em rodovias que atravessam ecossistemas sensíveis.
A morte da jaguatirica em Mutuípe reforça o alerta sobre os impactos que a urbanização e a expansão das estradas vêm causando à fauna silvestre. Trechos como o da BA-540, que cortam áreas de mata atlântica secundária, precisam de ações mais eficazes, como:
A presença da jaguatirica na região evidencia que ainda há biodiversidade significativa no Vale do Jiquiriçá, e que sua preservação exige um esforço conjunto entre sociedade civil, poder público e órgãos ambientais.
Sem ações concretas, espécies como a jaguatirica - essenciais para o equilíbrio ecológico - continuarão sendo vítimas silenciosas do avanço humano sobre os territórios naturais.