A noite desta terça-feira (28) voltou a ser marcada por intensa troca de tiros no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. As novas ocorrências acontecem em meio à megaoperação policial que já é considerada a mais letal da história do estado, com 64 mortos - entre eles, quatro policiais - e dezenas de feridos.
A ação, que começou nas primeiras horas da manhã, tem como alvo integrantes do Comando Vermelho (CV) e o cumprimento de 100 mandados de prisão nas comunidades do Alemão e da Penha. De acordo com o Palácio Guanabara, a operação visa desarticular o núcleo de comando da facção, acusado de articular ataques a forças de segurança e expandir o tráfico em outras regiões do estado.
Ao longo do dia, a mobilização das forças de segurança provocou reflexos em toda a cidade. Foram registrados bloqueios e interdições em importantes vias, como a Linha Amarela, a Grajaú-Jacarepaguá e o Méier. A Avenida Brasil também apresentou congestionamentos quilométricos, especialmente na altura de Benfica, sentido Zona Oeste, após três interdições temporárias. A Linha Vermelha, por sua vez, manteve dois bloqueios na altura da Maré, o que agravou o tráfego na região.
O clima de insegurança fez com que a Prefeitura do Rio mantivesse a cidade em Estágio 2 de Mobilização por conta dos impactos na segurança pública e na mobilidade urbana. Apesar do caos no trânsito, os transportes públicos operam normalmente.
Por volta das 18h, um policial militar foi baleado e encaminhado ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Ainda não há informações sobre as circunstâncias do disparo nem sobre o estado de saúde do agente.
Em outros pontos da cidade, o policiamento foi reforçado. Na Avenida Ayrton Senna, próximo ao fim da Linha Amarela, sentido Barra da Tijuca, cinco viaturas da Polícia Militar estão posicionadas para garantir a segurança dos motoristas. Já na Cidade de Deus, um caminhão de lixo foi atravessado na Rua Edgard Werneck, bloqueando o principal acesso à comunidade.
Segundo a Polícia Civil, até o momento, a operação resultou na apreensão de 93 fuzis e na prisão de 81 suspeitos. Outros nove agentes de segurança ficaram feridos durante os confrontos, que ainda persistem em áreas de mata do Alemão e da Penha.
Moradores relatam medo e dificuldades para se deslocar. O auxiliar de serviços gerais Antônio, que tentava retornar para casa após o trabalho, contou que precisou caminhar longas distâncias:
“Caos total. São centenas de pessoas saindo do trabalho e sem transporte público. Tentei pedir um carro por aplicativo, mas a corrida estava custando R$ 100. Vou andando, é o que me resta”, desabafou.
Diante da gravidade da situação, o governo federal convocou uma reunião de emergência no fim da tarde, no Palácio do Planalto, para tratar da escalada de violência e da condução da operação no Rio. Enquanto isso, o governador Cláudio Castro afirmou que o governo federal se recusou a prestar apoio às forças estaduais, o que foi negado pelo Ministério da Justiça, que declarou manter atuação contínua em território fluminense.
A operação, que já mobilizou centenas de policiais civis e militares, deve continuar nesta quarta-feira (29). As autoridades reforçam que o objetivo é restabelecer a segurança e combater o crime organizado, mas moradores denunciam abusos e afirmam viver sob clima de guerra.
Redação: Rádio Vida, com informações do g1 RJ
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