Uma operação de grande escala contra o Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro revelou o envolvimento direto de criminosos baianos na organização. Ao todo, 17 suspeitos da Bahia foram identificados, sendo que 16 foram presos e um morreu em confronto, conforme levantamento da TV Bahia divulgado nesta quarta-feira (29). O grupo é acusado de tráfico interestadual de drogas, homicídios e porte ilegal de armas, atuando como elo entre comunidades cariocas e cidades da Bahia.
A ofensiva, iniciada na madrugada de terça-feira (28), concentrou-se nos complexos do Alemão e da Penha, áreas controladas pelo CV. Até o momento, o Governo do Rio de Janeiro confirma 121 mortes em toda a operação, incluindo pelo menos 72 corpos encontrados em uma área de mata e encaminhados à perícia.
De acordo com o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, inicialmente havia a informação de que dois baianos teriam sido mortos. No entanto, a confirmação oficial aponta apenas Júlio Souza Silva, de 26 anos, natural de Salvador, como vítima fatal da Bahia. Júlio tinha envolvimento com o CV na região do Nordeste de Amaralina, estava em regime semiaberto e havia reincidido em atividades criminosas após cumprir pena por tráfico de drogas.
Entre os 16 baianos presos, destacam-se lideranças que coordenavam o tráfico em cidades como Feira de Santana, Salvador, Lauro de Freitas, Itatim e Canavieiras. Segundo a polícia, esses suspeitos mantinham ligação direta com células cariocas da facção, sendo responsáveis pelo envio de drogas e armas para o Nordeste.
Alguns dos principais presos:
· Diogo Garcez Santo Silva – Apontado como chefe do CV em Feira de Santana, com forte ligação com o tráfico na Penha;
· Robert da Silva de Jesus – Suspeito de comandar o núcleo do CV no bairro de Portão, em Salvador, e planejar ataques em Camaçari;
· Felipe Neves da Silva e Felipe de Jesus do Rosário – Investigados por homicídios e tráfico em Feira de Santana e Itatim;
· Marlon Niza dos Santos Júnior – Natural de Canavieiras, responde por tráfico e homicídio qualificado;
· Pedro Henrique Mascarenhas – Suspeito de três assassinatos e roubo, com histórico de prisão e soltura em 2024;
· Outros envolvidos possuem passagens por roubo qualificado, associação criminosa, uso de documentos falsos e porte de arma de uso restrito.
Conexões interestaduais e investigação em andamento
As apurações indicam que parte da quadrilha operava rotas entre São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, transportando grandes quantidades de cocaína e armamento. O Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) da Bahia acompanha o caso junto à Polícia Civil do Rio e ao Ministério da Justiça.
“O trabalho de inteligência busca desarticular a base financeira e logística do CV no Nordeste. Esses indivíduos mantinham relação direta com o tráfico carioca, financiando e expandindo o poder da facção no interior da Bahia”, explicou Werner à TV Bahia.
Operação de grande impacto e críticas
Informalmente chamada de “Operação Alemão-Penha”, a ação mobilizou mais de mil agentes, com apoio aéreo, viaturas blindadas e forças federais. Segundo o governo estadual, o objetivo é retomar o controle de áreas dominadas pelo crime organizado.
Entretanto, o alto número de mortos gerou questionamentos sobre excesso policial. Entidades de direitos humanos pedem investigação independente e total transparência nos resultados.
Os baianos presos permanecem detidos no Rio de Janeiro, mas a SSP-BA não descarta solicitar transferência para presídios baianos, dependendo da decisão judicial.
Redação: Rádio Vida | Com informações do g1 BA
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