A corrida presidencial de 2026 ganhou contornos mais definidos dentro do PSD. Nesta terça-feira (20), os governadores Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Ratinho Júnior (Paraná) sinalizaram publicamente interesse em disputar o Palácio do Planalto, expondo uma disputa interna na legenda comandada por Gilberto Kassab. As manifestações simultâneas colocam o partido no centro das articulações para a sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva.
Em Brasília, Leite participou pela primeira vez de uma reunião com a bancada federal do PSD desde sua recente filiação. Em coletiva de imprensa, anunciou oficialmente sua pré-candidatura:
Eu sou um pré-candidato à Presidência da República. Busco esse caminho. É uma aspiração legítima de quem foi prefeito, governador e quer contribuir para o melhor do Brasil - declarou o governador gaúcho.
Horas antes, Ratinho Júnior havia feito sinalizações semelhantes durante entrevista à Jovem Pan. Embora mais cauteloso, mostrou-se animado com a possibilidade:
Para mim é uma honra estar neste tabuleiro nacional, onde meu nome é discutido como uma das possibilidades. O Paraná é um estado muito forte e tem muito a contribuir - afirmou.
Ratinho também defendeu que o PSD, por seu tamanho e capilaridade, tenha uma candidatura própria em 2026:
A obrigação de um partido é dar opções à população. O PSD tem essa responsabilidade, independentemente de quem for o candidato - disse.
Nos bastidores, Gilberto Kassab tem mantido diálogo com diversas lideranças políticas e já manifestou simpatia pelo nome de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo. Ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio é visto como figura competitiva e de prestígio no campo da direita. No entanto, seu eventual lançamento depende do aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda inelegível, mas que insiste em se manter no centro das articulações políticas.
Caso Tarcísio não entre no páreo, Ratinho Júnior é apontado como favorito dentro do PSD por seu perfil mais alinhado ao bolsonarismo e por uma gestão bem-avaliada no Paraná. Já Eduardo Leite representa outra via, mais ao centro, com discurso liberal nos costumes e reformista na economia.
A ida de Leite ao PSD, mesmo ciente da preferência inicial por Ratinho, foi estratégica. O gaúcho aposta na ampliação de sua projeção nacional e, segundo aliados, pode disputar o Senado caso não consiga viabilizar a candidatura presidencial - hipótese tratada como "plano B".
Antes da filiação ao PSD, Ratinho esteve no Rio Grande do Sul e conversou com Leite. Na ocasião, o gaúcho teria se mostrado disposto a abrir mão da disputa, caso houvesse um entendimento interno claro em torno do nome do paranaense. Publicamente, porém, mantém sua pré-candidatura ativa - parte de uma estratégia para aumentar seu valor político nas negociações futuras.
A coincidência no anúncio das pretensões expõe a disputa dentro do partido. O PSD se vê diante de uma encruzilhada: consolidar uma candidatura própria - com Ratinho ou Leite - ou apoiar um nome de fora, como Tarcísio de Freitas. Qualquer que seja a decisão, o partido precisará arbitrar com habilidade o embate entre dois de seus principais quadros.
O desfecho dependerá das articulações até dezembro de 2025, quando o cenário eleitoral tende a se definir com mais clareza. Enquanto isso, o PSD busca se firmar como protagonista no xadrez político nacional.
Fonte: Exame.