O clima político na Bahia esquentou nesta semana com uma nova troca de farpas entre dois dos principais nomes da cena estadual: o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), e o governador Jerônimo Rodrigues (PT).
A polêmica começou na segunda-feira (2), durante a gravação do podcast oficial do governador, Fala, Jero!. Ao comentar o uso de um chapéu de couro por ACM Neto em uma vaquejada na cidade de Lagoa Real, no interior baiano, Jerônimo alfinetou o rival com uma crítica irônica:
“Teve gente que usou um chapéu nessa semana sem ser vaqueiro. Quis ser vaqueiro de playground. Não cola não, irmão. Pra ser vaqueiro, tem que ser de verdade”, disse o governador, após ganhar um chapéu de couro de presente de uma seguidora.
Resposta nas redes: “Acorda, governador” No dia seguinte (terça-feira, 3), ACM Neto reagiu por meio de um vídeo publicado em suas redes sociais, com críticas contundentes à gestão de Jerônimo Rodrigues. Para o ex-prefeito, o governador estaria mais preocupado em assistir a seus vídeos nas redes do que em governar a Bahia.
“Pelo visto, o governador Jerônimo Rodrigues tá cheio de tempo livre. Só tá faltando achar um tempinho pra cuidar do que importa...”, provocou Neto.
Além da ironia, o ex-prefeito aproveitou o embalo para listar problemas que, segundo ele, têm se agravado sob o atual governo estadual.
Em seu pronunciamento, ACM Neto destacou três áreas que, na sua avaliação, estão abandonadas pela gestão de Jerônimo:
· Crise no Planserv, plano de saúde dos servidores públicos estaduais;
· Fila da regulação do SUS, que continua afetando milhares de baianos que aguardam procedimentos médicos;
· Desempenho econômico fraco, especialmente no interior do estado.
“Governador Jerônimo Rodrigues, acorde, meu irmão. Afinal de contas, o seu governo tá passando e as pessoas cada vez estão mais decepcionadas com você”, declarou o ex-prefeito. “Enquanto você tá assistindo os meus vídeos nas minhas redes sociais, podia, na verdade, estar cuidando dos problemas reais do Estado da Bahia.”
A tensão entre Jerônimo e Neto não é recente. Os dois disputaram o governo da Bahia em 2022, quando o petista venceu no segundo turno e manteve o domínio do PT no estado. Desde então, os embates entre eles se intensificaram, refletindo o embate ideológico entre os grupos políticos que representam.
Enquanto Jerônimo investe em uma comunicação mais direta com o eleitorado do interior e adota um discurso alinhado à cultura popular, ACM Neto tenta reconstruir sua base de apoio, especialmente em Salvador e na região metropolitana, onde mantém forte influência.
A troca de provocações ocorre num momento em que a gestão estadual enfrenta críticas crescentes em áreas sensíveis como saúde, segurança e infraestrutura. Jerônimo, por sua vez, tenta consolidar sua imagem como líder próximo do povo, utilizando canais como o podcast para reforçar sua identidade política.
Especialistas avaliam que a disputa entre os dois líderes tende a se intensificar com a aproximação das eleições municipais de 2026 - que servirão como termômetro político - e, eventualmente, uma possível nova disputa estadual em 2030.
Apesar da repercussão nas redes sociais e no meio político, a expectativa dos baianos permanece voltada para ações concretas por parte do governo. Em meio ao embate político, a cobrança por melhorias nos serviços públicos e na qualidade de vida segue sendo a principal demanda da população.