O ex-prefeito de Salvador e ex-candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), voltou a criticar o grupo político que governa o estado há quase duas décadas. Em entrevista à Rádio Metrópole, na noite desta segunda-feira (1º), Neto comentou as articulações do Partido dos Trabalhadores (PT) para as eleições de 2026 e ironizou a possível formação de uma chapa “puro-sangue”, composta exclusivamente por nomes do próprio PT.
A possível composição incluiria o atual governador Jerônimo Rodrigues, que deve disputar a reeleição, o senador Jaques Wagner, com mandato até 2030, mas que voltaria ao debate como fiador político da aliança, e o ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, cotado para concorrer ao Senado.
“Tá comprovado que é a panelinha que roda, roda, roda e para no mesmo lugar”
Durante a entrevista, ACM Neto reagiu com dureza à possibilidade de exclusão do senador Angelo Coronel (PSD) da chapa governista. “Eu acho um absurdo, depois de o PT ter se aproveitado por muitos anos do PSD, agora cogitar a possibilidade de não dar uma vaga a Coronel para disputar o Senado”, afirmou o ex-prefeito.
Segundo ele, o senador tem direito à reeleição, e a eventual exclusão reforçaria o que ele chama de "panelinha" do PT: “Eu torço para que sejam os três do PT, porque tá comprovado que é a panelinha que roda, roda, roda e para no mesmo lugar”.
A fala, embora crítica, revela uma estratégia de polarização política antecipada para 2026, na qual ACM Neto tenta associar a continuidade do grupo petista à falta de renovação e ao fechamento político, narrativa que pretende explorar para mobilizar o eleitorado em busca de alternância de poder.
“Se vierem com essa chapa, é o melhor dos mundos”
Apesar das críticas, ACM Neto afirmou que a formação de uma chapa 100% petista seria benéfica para sua possível candidatura. “Se eles vierem com essa chapa puro-sangue, é o melhor dos mundos. Mas não me cabe escolher. Repito: não me cabe escolher os meus adversários”, declarou, sugerindo confiança de que o desgaste do grupo governista abriria espaço para uma virada eleitoral.
Sem confirmar oficialmente sua candidatura ao governo da Bahia, ACM Neto se coloca como principal nome da oposição estadual, mesmo após ter sido derrotado em 2022 por Jerônimo Rodrigues. Desde então, o ex-prefeito vem reconstruindo alianças, intensificando aparições públicas e mantendo críticas sistemáticas à gestão petista.
Cenário político: tensão entre PT e PSD: Os bastidores da política baiana indicam que a relação entre PT e PSD - aliados desde 2014 - passa por um momento de tensão e incertezas. O senador Angelo Coronel, que integra a base governista, tem se queixado publicamente da falta de espaço nas decisões da aliança e da possibilidade de não disputar a reeleição com o apoio do grupo.
A possibilidade de Rui Costa ocupar a vaga de candidato ao Senado pela base petista foi recebida como um sinal de exclusão do PSD. Nos bastidores, lideranças do partido já avaliam recuar da aliança com o PT, o que poderia reconfigurar a disputa eleitoral de 2026 na Bahia.
Até o momento, o PT da Bahia não confirmou oficialmente qualquer definição sobre a composição da chapa majoritária para 2026. O governador Jerônimo Rodrigues tem evitado se pronunciar sobre alianças futuras, enquanto líderes como Jaques Wagner e Rui Costa atuam para manter o grupo unido, em meio à pressão por espaço de outras legendas da base.
A definição da chapa deve ocorrer apenas em 2025, mas o debate já começa a moldar o discurso da oposição. ACM Neto tenta se antecipar à estratégia petista, apostando no desgaste de figuras que acumulam mais de 20 anos de protagonismo político no estado.
Fonte: Bahia Notícias