O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reagiu à decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de solicitar à Advocacia-Geral da União (AGU) que adote medidas judiciais contra ele, após uma publicação em suas redes sociais associando o PT às facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). A ação deverá envolver tanto pedidos cíveis quanto penais, conforme confirmou a própria AGU.
Em nota enviada à imprensa, o órgão informou que recebeu de Lula o pedido para que “adote as medidas cíveis e penais cabíveis face à publicação ofensiva à sua honra efetuada pelo senador Flávio Bolsonaro na rede social Instagram”.
A postagem que motivou a ação exibia uma montagem com foto de Lula durante o regime militar, ao lado de Marcos Herbas Camacho, o Marcola (líder do PCC), e Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar (chefe do Comando Vermelho). A imagem vinha acompanhada da legenda:
“CV, PCC e PT: as três facções mais perigosas do Brasil.”
Em entrevista à coluna, Flávio Bolsonaro manteve o tom provocativo e reafirmou sua crítica ao Partido dos Trabalhadores. “Facção, no dicionário da língua portuguesa, é um grupo com determinada atuação. Não usei em tom pejorativo. Disse apenas que o PT é uma facção perigosa - para o país e para o orçamento. Tenho imunidade parlamentar para falar isso”, declarou o senador.
Flávio também minimizou a possibilidade de ser punido judicialmente. “Não me preocupo com o processo. Tenho imunidade parlamentar para dizer o que penso, liberdade de expressão e a certeza de que a Justiça assim entenderá”, completou.
A nova ofensiva jurídica do governo ocorre em meio a um cenário de acirramento entre Lula e a família Bolsonaro, que mantém uma postura de enfrentamento constante ao Palácio do Planalto desde o início do terceiro mandato petista. Flávio, que foi o principal articulador político do pai, Jair Bolsonaro, durante o governo (2019–2022), tem usado as redes sociais para reforçar a narrativa de oposição e criticar a atual gestão.
Nos bastidores, aliados de Lula afirmam que o presidente decidiu acionar a AGU após considerar a publicação de Flávio “uma agressão pessoal e institucional”, extrapolando os limites do debate político. Já parlamentares do PL avaliam que a ação é “um movimento de censura”, e que o senador está amparado pela imunidade parlamentar prevista no artigo 53 da Constituição Federal, que garante a inviolabilidade por opiniões, palavras e votos no exercício do mandato.
Não é a primeira vez que integrantes da família Bolsonaro enfrentam medidas judiciais por declarações públicas contra adversários políticos. Em diferentes ocasiões, Jair, Flávio e Eduardo Bolsonaro já responderam a processos relacionados a acusações de ofensa, desinformação ou ataques institucionais.
Enquanto o caso tramita, Flávio reforça seu discurso político, afirmando que continuará a “denunciar o aparelhamento ideológico” no governo federal. Já o Palácio do Planalto tenta conter a repercussão, tratando a questão como “um ataque pessoal que não deve ser naturalizado”.
Com a ação judicial encaminhada pela AGU, o episódio deve ampliar a disputa entre o governo e a oposição no Congresso Nacional, em um momento em que o Planalto tenta retomar o diálogo com o Legislativo e amenizar o clima de polarização política.
Redação: Rádio Vida, com informações da Metrópoles
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