O presidente da CPI do INSS, senador Carlos Viana, determinou nesta segunda-feira (3) a prisão de Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA). Convocado como testemunha, ele permaneceu em silêncio diante da maior parte das perguntas e foi acusado de apresentar informações falsas e contraditórias.
O pedido de prisão foi feito pelo relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), e acatado por Viana. Esta é a terceira prisão decretada pela CPI, que já havia detido o presidente da Conafer e um ex-diretor ligado ao chamado “Careca do INSS”.
Segundo o relator, Lincoln mentiu ao afirmar que havia renunciado à presidência da Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA), quando na verdade foi afastado por decisão cautelar. Ele também negou conhecer Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, mas acabou admitindo vínculos ao responder outras questões.
A comissão ainda apontou contradições sobre sua relação com Gabriel Negreiros, tesoureiro da CBPA, e sobre os poderes concedidos a Adelino Rodrigues Junior, que teria movimentado recursos da entidade, incluindo transferências de R$ 59 mil para a esposa do procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio, e R$ 430 mil em espécie para João Victor Fernandes.
A CBPA é investigada pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril para apurar descontos irregulares em benefícios do INSS entre 2019 e 2024. Tanto a entidade quanto Lincoln tiveram bens bloqueados por determinação da Advocacia-Geral da União (AGU).
De acordo com Gaspar, a confederação passou de apenas 4 cadastros em 2023 para 757 mil em 2025, incluindo tentativas de registrar 40 mil pessoas já falecidas. Nesse período, a CBPA teria recebido R$ 221 milhões em descontos associativos, cerca de R$ 10 milhões por mês.
Lincoln compareceu à CPI amparado por um habeas corpus preventivo concedido pelo ministro Alexandre de Moraes (STF), que lhe garantia o direito ao silêncio e à não autoincriminação. Ainda assim, a comissão entendeu que suas respostas evasivas e omissões “prejudicaram a busca pela verdade”.
O senador Carlos Viana encerrou a sessão afirmando que “o silêncio de quem deve explicações grita mais alto que qualquer palavra” e declarou a prisão do depoente:
“Em nome dos aposentados, quase 240 mil que a CBPA enganou, senhor Abraão Lincoln da Cruz, o senhor está preso.”
Após o término da sessão, Lincoln foi encaminhado à delegacia do Senado, onde permanecia custodiado até a última atualização desta reportagem.
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