Um estudo internacional rigoroso apresentado na ASCO 2025. O maior congresso de oncologia do mundo - trouxe uma mensagem direta e poderosa: mexer o corpo pode aumentar as chances de viver mais e evitar que o câncer volte. A pesquisa, conhecida como CHALLENGE, demonstrou que pacientes com câncer de cólon que passaram a fazer atividade física supervisionada após o tratamento tiveram menos recidivas e viveram mais.

O estudo foi conduzido por cientistas canadenses, publicado no prestigiado New England Journal of Medicine e repercutiu amplamente, inclusive no The New York Times. Os dados são sólidos: entre 889 pacientes acompanhados por quase oito anos, os que praticaram exercícios regularmente apresentaram 28% menos risco de o câncer voltar e 37% menos risco de morte.

A atividade praticada, Caminhadas rápidas de 45 minutos, quatro vezes por semana, com apoio profissional. Nada fora do alcance da maioria das pessoas. “Estamos falando de uma mudança simples que pode mudar vidas”, explica a oncologista Luciana Landeiro, diretora do programa de cuidados pós-tratamento (ou survivorship) do grupo Oncoclínicas.

Cuidado que vai além da cura: O foco do estudo não é apenas o combate ao tumor, mas o cuidado contínuo do paciente após o fim do tratamento pesado - uma fase que, para muitos, ainda carrega medo, efeitos colaterais e incertezas. É nesse momento que entra o programa de survivorship, um modelo de atenção que busca melhorar a qualidade de vida de quem sobrevive ao câncer, cuidando da parte física, emocional, social e até financeira.

E a atividade física tem papel de destaque. “Ela ajuda a reduzir a inflamação, melhora a resposta imunológica, regula os hormônios e ajuda o corpo a se manter vigilante contra novas células cancerígenas. É uma intervenção terapêutica, não um detalhe”, afirma Luciana.

Realidade brasileira e desafios do SUS: O câncer de cólon, que afeta a parte do intestino grosso entre o ceco e o reto, é o segundo mais comum entre homens e mulheres no Brasil (atrás apenas do de mama e próstata, desconsiderando o de pele não melanoma). Só em 2025, o INCA estima 45.630 novos casos, sendo 1.940 só na Bahia.

A boa notícia é que os resultados do estudo CHALLENGE podem e devem influenciar políticas públicas. “O Sistema Único de Saúde precisa incorporar estratégias de reabilitação e promoção da saúde. A atividade física supervisionada deve ser parte da rotina do pós-tratamento oncológico”, defende a médica.

Para quem viveu o câncer e para quem quer se prevenir: A mensagem vale tanto para quem já passou por um diagnóstico quanto para quem quer cuidar da saúde agora. Entre pessoas de 20 a 40 anos, ou entre 45 a 80, o corpo sente os benefícios. Exercício físico não é só estética é vida prolongada, qualidade e prevenção.

Caminhar pode ser um remédio: Se você passou por um tratamento contra o câncer, converse com seu médico. Organize sua rotina para incluir atividades físicas orientadas. E, se você ainda não teve, mas quer se proteger, lembre-se: atividade física regular é uma aliada poderosa contra o câncer e outras doenças crônicas.

Resumo do que você precisa saber:

·        Estudo CHALLENGE: mostrou que atividade física reduz recidiva e aumenta sobrevida em pacientes com câncer de cólon.

·         Resultados: 28% menos risco de o câncer voltar e 37% menos risco de morte.

·         Exercício recomendado: caminhadas rápidas de 45 minutos, 4x por semana, com apoio profissional.

·         Importância para o SUS: programas como esse devem ser implementados no sistema público.

·         Mensagem para todos: mover-se é parte essencial do cuidado com a saúde, em qualquer idade.

Essa é uma mensagem poderosa para quem passou pelo tratamento oncológico e para quem quer se prevenir. A saúde do corpo, aliada ao acompanhamento médico, torna-se peça chave para transformar o futuro de milhares de vidas.

Se você passou por um tratamento, ou quer se prevenir: mexa-se. Não pela aparência, Pela vida.

Fonte: g1